BEM COMUM saiu às ruas cariocas, na sua pré-estréia, como contrapartida do subsídio recebido da Lei Aldir Blanc.
Uma ação planejada durante a pandemia de covid, que assolou o mundo todo, e pensada especificamente para este contexto, saiu às ruas do Rio de Janeiro, no histórico dia 1 de maio levando BEM COMUM à população circulante e habitante do centro da cidade.
Saúde! As águas vão rolar!
Bem Comum é uma fonte de água potável, pública e móvel, projetada especialmente no atual contexto pandêmico urbano, para atender a urgência de acesso à água, que se intensificou com o aumento da população em situação de rua. O projeto se articula com as memórias das antigas fontes públicas que existiram na cidade do Rio de Janeiro e dialoga diretamente com o Chafariz do Mestre Valentim, situado na Praça XV, próximo ao Paço Imperial.
A proposta traz à tona a discussão sobre a crise hídrica mundial, com um foco local na situação de precariedade no estado do Rio de Janeiro, ativando o debate sobre o direito universal à água e uma crítica à recente privatização da companhia estadual de abastecimento de água e tratamento de esgoto, a CEDAE.Oito bebedouros de galão de 20 litros, dispostos em três carrinhos, se deslocam pela praça enfileirados. Cada galão é vestido por uma capa e cada uma das capas contém uma das letras de B.E.M - C.O.M - U.M .
O conceito impresso em letras garrafais se movimenta entre os olhares do público passante, se colando à fonte de água como faixa de protesto, plataforma de reflexão, disparo poético... Nesta colagem sinestésica e polissêmica, a ideia de bem comum se associa à água e à arte. Os sistemas históricos, institucionais e mercadológicos da arte associam as obras e seus autores a valores como particularidade, exclusividade, raridade, promovendo processos de monetização, especulação, patrimonialização e privatização da arte, tornando-a incomum, excludente e inacessível. De modo semelhante, a água, tomada como mercadoria, vem sendo progressivamente submetida aos mesmos processos, e o Brasil, enquanto país com maior reserva de água potável do mundo, se apresenta como território de disputas em torno do tema.
Como garantir a água como bem comum?
Como deslocar a arte para o lugar de bem comum?
Mais do que apresentar respostas, a ação pretende promover práticas coletivas que produzam políticas de cuidado e acolhimento, encontro e troca, vivência e convivência, em contexto público, gratuito e pandêmico.