GOZASHISHA & ESPREGUIÇADEIRA MULTI apresentados em:
"Liberdade é pouco. O que desejo ainda ão tem nome." (curador: Bernardo Mosqueira)
Essas duas frases de Clarice trazem muito mais do que a primeira palavra.
O que desejo não tem nome. Não está onde é linguagem discursiva. Não é verbo. É estética, devir, é projetado no corpo, é desejo.
Se uso Lispector como referência literal e literária, faço-o assim como acredito que outros artistas de nossa história podem ser os necessários exemplos instrumentais para que se possa fazer descobrir as diferenças entre importâncias e valores do que se chama liberdade nos nossos dias e em outros.
O que, hoje, seria liberdade? Este graal pelo qual guerras são travadas? Será que precisamos de mais liberdade - além de poder escolher a operadora do próprio celular? Há a necessidade de se falar nisso agora? Qual a relevância em falar de “liberdade” quando tudo pode ser feito? Que caminhos os artistas brasileiros têm usado no tocante à liberdade? Será que precisamos, brasileiramente, desregular as dentadas engrenagens urbanas? Carnavalizar a internet? Desmascarar vaidades, formalismos e pedantismos acadêmicos? Evidenciar o automatismo moral acrítico e funcional do homem ativo? Colorir e iluminar ideologias estruturalmente viciadas do consumo? Forçar imigrações das áreas de conforto para (im)possíveis áreas de confronto? Será que precisamos alguma coisa? Quais as relações, agora, entre liberdade e verdade? Liberdade e conhecimento? Entre liberdade e diversidade? Liberdade e direito? Liberdade e transformação? Liberdade e experimentação? Liberdade e responsabilidade? Como e para que liberdade num mundo de história morta, que não procura fundamento, causa, razão e, talvez por isso, nem sentido para os eventos? Seria inocência falar de liberdade? Seria inocência em falar em liberdade? Seria persistência? Como se poderia dar a experimentação quando falamos da arte projetada e/ou imaterial?
Pois, então, estavam lá reunidos trabalhos de mais de 45 artistas que aceitaram a proposta de discutir e vivenciar a liberdade em liberdade hoje.