UTUPYA
Fosse uma manhã de sol / o índio tinha despido o português. Inspirado nessa utopia antropofágica o OPAVIVARÁ! cria seu samba enredo para sua nova individual na galeria A Gentil Carioca. Nesse caminho entre o coração da mata e a cidade concreto existe um lugar de hibridismos inconcebíveis. Das raízes pré-históricas gravadas nas paredes das cavernas às cópias dos esquemas das estruturas modernizantes da ocidentalidade reside um povo. Um povo caboclo,
vítima e fruto do encontro do índio com o europeu, que se espalhou por todo esse território fazendo coisas de sarapantar. O Brasil caboclo é o primitivismo de sua tecnologia adaptativa. A utopia tupi parte da devoração, da mixagem, mesclagem, mestiçagem, que se dão na pororoca dos encontros. A mostra começa no térreo da aldeia gentil, no coração da Saara, numa sorveteria tupi cabocla, lojinha de doces e travessuras. O Tupycolé são picolés de partes do corpo (rosto, pé, mão, peito, piroca) de diferentes sabores que percorrem uma diversa paleta de cores. Da
encruzilhada da galeria, polinizando a SAARA, saem o Remotupy, uma canoa caiçara acoplada a um triciclo de tração elétrica que transforma as ruas em igarapés navegáveis; o carro Abre Caminho é nosso abre alas movido à tração humana, com quatro baldes chuveiros que inundam as esquinas com banhos de ervas prenhes da sabedoria ancestral dos pajés e curandeiros. No segundo andar da aldeia é instalada um ponto de acesso à Rede Social, 6 rede costuradas
balançam abraçadas ao som de chocalhos feitos de tampas de garrafa pet. Completam a exposição um conjunto de três ocas móveis promovendo um apitaço com sonoridades da floresta, no meio do caos da selva urbana e a DiscoOka, um ambiente envolvente karaoke tupy total que reverbera os antigos rituais de dança e cantoria na eletricidade de um mundo hiperconectado.